Imprimir

Rhaisa Farias e Ingrid Wiggers

 

Atualmente, as crianças são reconhecidas como cidadãs e competentes para participar e expressar suas opiniões em situações do dia a dia, conforme estabelecido na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e na Constituição Federal (1989). Embora esses documentos sejam fundamentais, não garantem a efetivação destes direitos. Deveras, estudos têm revelado que a participação das crianças em questões da esfera pública ainda é pouco reconhecida, e sua representação social tende a ser associada à fragilidade. Em contrapartida, tais pesquisas evidenciam as expressões culturais das crianças e sua agência no mundo social, intervindo em seu meio ao mesmo tempo em que por ele são transformadas.

 

Diante disso, o campo dos "Estudos das Infâncias" tem se destacado nos últimos anos por reunir diferentes áreas científicas que pesquisam as crianças e suas infâncias, levando em conta a multiplicidade e heterogeneidade de contextos culturais. Outro pressuposto desse campo é o caráter plural e singular da infância, entendida como uma categoria geracional, construída histórica e socialmente. Por mais que existam marcadores biológicos comuns, a infância é vivida e sentida de maneira única por cada criança, de acordo com o seu processo de interação social.

 

Visando fortalecer e impulsionar o debate em torno da agência e participação infantil, a Revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal (ISSN 2359-2494), da Secretaria de Educação do Distrito Federal e o "Imagem - Grupo de Pesquisa sobre Corpo e Educação", vinculado à Universidade de Brasília (UnB), firmaram uma parceria e lançaram, em maio de 2023, o Dossiê Estudos da Infância: Contextos e Contrastes.

 

O volume reúne um conjunto de produções que contemplam a pluralidade das situações de vida das crianças, fomentando reflexões analíticas profundas, ao mesmo tempo em que evidenciam contrastes, complexidades, limites e possibilidades experienciadas na infância. Sobretudo, os trabalhos, em formato de artigos originais, relatos de experiência e resenhas tratam as crianças a partir delas mesmas, uma vez que são seres competentes e capazes, e não em comparação com os adultos, evitando, desse modo, uma perspectiva adultocêntrica. A capa do dossiê sugere esta concepção, pois foi composta por desenhos infantis da coleção do "Imagem - Grupo de Pesquisa sobre Corpo e Educação", que há mais de 20 anos tem se dedicado a estes estudos. Destaca-se, logo na abertura, uma entrevista com o prof. dr. Manuel Jacinto Sarmento, da Universidade do Minho, Braga, Portugal, sobre tendências e perspectivas dos estudos da infância. O Prof. Sarmento é um dos pioneiros do campo e reconhecidamente um dos mais importantes especialistas no mundo sobre o tema.

 

São autores do dossiê diversos professores e estudantes de pós-graduação da UnB, professores da Secretaria de Educação do Distrito Federal, bem como acadêmicos oriundos de outras regiões do país como Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, além de outros países, como a Argentina. Integram a equipe de editores convidados, pesquisadores que se formaram em programas de pós-graduação da UnB, especialmente no Programa de Pós-Graduação em Educação, na linha de Estudos Comparados em Educação - ECOE/PPGE. Portanto, a publicação do dossiê evidencia e fortalece a necessária parceria da UnB com a rede pública de ensino do Distrito Federal no contínuo processo de formação de professores, um compromisso da nossa instituição.

 

Editores convidados do dossiê: Flávia Martinelli Ferreira (Udelar), Ingrid Dittrich Wiggers (UnB), Mayrhon José Abrantes Farias (UFNT), Rhaisa Naiade Pael Farias (UnB/CEUB) e Tayanne da Costa Freitas (SEEDF).

 

O dossiê está disponível no link: https://periodicos.se.df.gov.br/index.php/comcenso/issue/view/38

 

ATENÇÃO – O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do autor, expressa sua opinião sobre assuntos atuais e não representa a visão da Universidade de Brasília. As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seu conteúdo